quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Gotham City: Noir

"Diário de Investigação, 01 de Maio de 1939. Não é à toa que hoje é o 'Dia do Trabalho'. O crime não respeita feriados em Gotham City, não respeita a família que descansa em sua casa ou sai para fazer uma refeição num Dinner. Não é novidade para mim, que já percorro as sombras dos becos à 7 anos em busca dos desajustados que pregam a anarquia violenta, a sodomia moral em minha cidade. Mas há 10 anos, após a Grande Depressão, jurei que não permitiria que a loucura que tomou os acionistas da empresa de meu pai se espalhasse pela população, nem que eu tivesse de ser o filtro de insanidade de todos. 

É, velho Thomas. Tenho feito o possível para manter nossa cidade limpa. Sinto ter perdido 3 anos nesta faxina, mas eu tinha de me afastar da idéia de que ficar pobre da noite para o dia o fez saltar da Torre Wayne. Este tempo estudando e me aperfeiçoando foi necessário para descobrir que o senhor nunca cometeria suicídio, mas que foi defenestrado por Carmine Falcone após constatar que as finanças da Máfia de Gotham tinham ruído. Também deveria descobrir por que os policiais desta cidade, os chamados "Cavaleiros de Gotham", não o prendiam e sustentavam o engôdo de que meu pai era um suicida covarde.

Pai, rodei os confins sinistros do oriente, castiguei meu corpo em treinamentos desumanos e ouso dizer que estudei numa nova Biblioteca de Alexandria. Aprofundei-me na psiquê humana e me tornei um detetive justiceiro. A noite é minha única amiga desde que voltei para Gotham City, e a dor me consome a cada dia que durmo embriagado de whisky barato. Desde que comecei a fazer a diferença na rua, esquentando meus punhos e o rosto da bandidagem, fui vítima de várias ameaças diretas. Muitas da própria polícia. Amanhã é a missa de sétimo dia do velho Alfred. Sinto-me culpado pelo seu assassinato covarde em retaliação às minhas atividades. Invadiram nossa casa, pai. Queimaram nossa morada, com Alfred dentro. Se a minha puberdade morreu junto com o senhor, minha maturidade apodreceu com nosso mordomo fiel. A única coisa que aplacará minha ira será a cabeça de Carmine Falcone em uma bandeja de prata.

Hoje, conto com três grandes aliados: o jovem chinês órfão Chei Sun; a cafetina e ladra Selina; e o único policial incorruptível de Gotham, James Gordon. Enquanto recolho informações com eles, entre um cigarro e outro, penso que uma tempestade - muito maior que a criminalidade de Gotham - se aproxima. Mas, até que ela chegue, serei um guardião silencioso.Um protetor zeloso. Um Cavaleiro das Trevas. Destruirei cada Palhaço do Crime que queira fazer de minha cidade seu picadeiro imoral, já que a polícia não faz o seu trabalho. Quando a sirene toca, todos olham para o alto. A noite de Gotham City guarda mais do que Morcegos em seus céus nublados.

Sinto sua falta, pai.

Seu pequeno Bruce Wayne."


Tive essa idéia de "Gotham Noir" bem na onda mesmo do "Homem-Aranha: Noir". E ele não ser um cara fantasiado de morcego vem do fato que percebi a alegoria que a fantasia representa. A roupa é uma forma de representar o que Bruce Wayne é por dentro. De uma forma mais madura, retratei um Bruce Wayne cuja roupa é condizente com a época e estilizada como seu uniforme heróico. Fumar e beber era algo padrão naquela época. Até crianças fumavam. Então, não critique a "santidade do corpo do Batman".

O garoto, logicamente, é o Robin. Escolhi o Jason Todd por que o Chei Sun (sacou a brincadeirinha de fonética?) é órfão, e o 2º Robin também o era. E a etnia chinesa vem da marginalização que eles sofriam nos EUA na época e também pela natureza acrobática dos representantes da nação.

O grande vilão da história não era, de fato, Carmine Falcone, mas, sim, Morgan Edge. Ele acumulou todas as ações de Thomas Wayne após sua morte, por tanto a motivação do assassinato fica clara.

Sou niilista em relação ao Batman. Ele deve sofrer para ficar mais forte. Precisa de calos psicológicos para perseverar e ser mais frio. O vestígio de humanidade que ele possui é o velho mordomo Alfred, mas, como narrado acima, a humanidade de Wayne foi-se junto com o amigo.

Gostou? Divulgue. Comente. Obrigado pela visita e volte sempre!

Imagem:
1) Fonte: Wired, em 08/12/2010;
2) por Vitor Hugo Mota, em 23/06/2010.

2 comentários:

  1. A caracterização está muito bacana! A roupa do Bruce em tons de cinza tá maneiríssima! Só achei meio destoante o uniforme do Robin ser colorido em um ambiente noir! Vai chamar muita atenção!

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  2. Obrigado pelo prestígio, ₪ ∆ R ! ∂ ∑ § ₪!

    Em relação à roupa do Chei Sun/Robin, eu explico: como se trata de um órfão, solto nas ruas, ele não pode rechaçar a oferta gratuita de qualquer agasalho (Casaco, cachecol, meias, coletes,...). Por isso essa miscelânia de cores. Esta é a desculpa que usei para aproximar as roupas dele às cores do Menino Prodígio.

    Existe também uma cultura dos chineses, no início da expansão americana ao oeste e tal, usarem roupas extravagantes e com muitas cores. No gueto chinês, Chei Sun está discretíssimo! Quem sabe, desta forma, eu consiga justificar como o Robin nunca viu nada de errado de ser um Alvo BauHaus!

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