Mas aí veio a estreia e todos - absolutamente todos - em minha timeline e inbox de Facebook vieram dizer o quão o filme é maravilhoso, o quão inovador ele era, que queriam o corpo deste filme nu em óleo. E me irritei. Incomodei-me por que quem me conhece sabe o quanto odeio ser mainstream, como odeio gostar do que todos gostam. Que abro mão de gostar de uma banda se um monte de Zé Ruela começa a curtir. Então fiz um juramento diante de todos: assistiria o filme duas vezes. Uma para me divertir, em 3D (afinal, filme com temática espacial sem 3D é perda de tempo e de dinheiro); e outra normal, para captar os defeitos e discorrer sobre. E assim quase o fiz...
Por que "quase"? Por que economizei mais um ingresso, pois eu NÃO gostei do filme e não precisei trair meus princípios! E eu rio enquanto você se despiroca de raiva por alguém ter dito NÃO ao seu filminho! Quer saber o que é fraco (além do óbvio)? Vamos lá:
• Tudo bem um filme não se levar a sério. Eu aceito isso. Mas ele é um filme IDIOTA. É um filme fundamentado em piadas! Tem ali um drama mais raso que um pires e umas pancadarias pra dar uma "afliceta", mas nem nisso ele é muito honesto (veja bem que não disse "falta de sucesso" pois o público médio aceitou estes alívios). Homem de Ferro não se leva a sério mas ele é muito honesto. Ele tem piadas, tem ação, tem um personagem que tem um drama pessoal forte. Um personagem que, sozinho, é muito mais vitorioso do que um grupo cafona. Em resumo: é um filme BOBO;
"Cê é dodói, né, Quill?"
• Eu não sou idiota de assistir um filme 3D legendado, então optei pelo dublado. Todos que me conhecem sabem o quanto adoro dublagem, mas este filme não foi feliz no processo de atuação vocal. O que foi aquela voz pro Yondu (Michael Rooker)? Adoro o ator, muito carismático com seu jeito Red Neck e o personagem estava bem legal, mas a voz dele... que coisa ridícula, mas soube que foi insistência do cliente junto à Delart. Mas todos os parabéns para Mauro Ramos dando vida a Drax, o Destruidor;
Yondu, dublado por Luis Sergio Vieira. O ideal teria sido Luiz Carlos Persy
• Por falar em Drax o Destruidor: enquanto todos ovacionam Vin Diesel pelo seu Cigano Groot e Rocket Raccoon com seu jeitão de mau humorado de bom coração, a minha real grata surpresa foram apenas dois "personagens": primeiramente, Drax. O Dave Bautista me surpreendeu com um personagem divertido, brutal e muito carismático! Fiquei feliz em ter queimado a língua quanto à sua capacidade dramática (talvez por que este tipo de personagem o favoreça); e o outro "personagem" é a Tropa Nova. Adorei o conceito dos policiais de Xandar e fiquei muito animado com a possibilidade de vermos Richard Rider integrado a este universo (as naves SENDO o símbolo da tropa, os capacetes dos Guardas, a tríade luminosa no peito... Achei isso realmente empolgante);
"Lavou tá Nova..."
• Não vou me ater à trama por que, sinceramente, é pífia! Não gera empatia em nenhum momento, motivações genéricas. E por falar em genérico, o filme se define em uma palavra: CLICHÊS! Eu olhava uma cena, tinha clichê. Olhei na minha pipoca, tinha clichê. Olhei pra gorda filha da puta que estava falando ao celular durante o filme e vi clichê! E filmes que se valem de clichês não são inovadores;
Tensão de beijo... Que inovador...
• Agora um momento em que eu e minha senhora Dona Mota rimos muito: a cena mais "dramática" do filme. Aquela onde Starlord, Gamora, Drax e Rocket se "unem" pra dar vazão à joia do infinito. Quem aqui assiste "Chaves" lembra certamente do grande choque em corrente na vila, envolvendo Seu Madruga, Dona Florinda, Kiko e Chiquinha. Na hora eu falei que o Chaves deveria ir jogar futebol na vila e chutar a bola no quadro de luz que tava tudo bem. E as pessoas ao redor não entenderam nossa risada. Tiveram outros momentos absurdos de "tensão" onde ríamos por lembrarmos de Chaves ou coisas genéricas (como o Yondu dando o assobio pra flecha do Darryl matar todo mundo. Falamos do meu pai traduzindo a língua dos trinca-ferros. Mas não vou pedir pra que vocês entendam isso. Deve ser algo muito elaborado, tal qual Guardiões da Galáxia e seu humor refinadíssimo);
Quando você pega a Joia do Infinito... Pode acabar assim!
• Cena pós-créditos: eu já sabia qual era e fiquei só pra vê-la em 3D. E tomei no rabo, pois ela não é em 3D! Segurei meu mijo como a menina que precisa de um transplante de coração em "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!" procurava desesperadamente sua sonda retirada pela aeromoça violonista. Poderiam ter feito um pós-créditos INFINITAMENTE melhor que aquele, mas acho que este foi o único ponto realmente honesto com a obra que apresentou: um pós-créditos sem graça para um filme sem graça.
Howard o Pato, de Tim Burton!
Ouvi gente dizendo que Guardiões da Galáxia é muito melhor que "Star Wars". Isto é uma inverdade. Star Wars é muito, mas muito melhor e espero que o J J se afaste do que o Gunn fez. Isto não é Star Wars. É um "Os Mercenários da Galáxia" com alto orçamento.
Nota pro filme, de 0 a 10: 3... Por que foi 3....D! Ha!
PS: Filme 3D é um negócio que realmente eu dispensaria. Não consigo me sentir imerso no filme. Só me sinto confuso. É impressão minha ou o que nos dizem ser 3D é só um teste? Acho que essa porra não funciona... Pior ainda em filmes que são concebidos em 2D e transformados em 3D pra te sugar mais dinheiro do ingresso e diminuir salas mais baratas. A cada dia que passa, sinto menos vontade de ir ao cinema.
PS 2: Acho que as cenas de combate aéreo depois do advento da computação gráfica convincente se tornaram mais enfadonhas, não empolgam mais. O melhor momento foi a rede de contenção da Tropa Nova. De resto, totalmente dispensável.
PS 3: Esse filme só não consegue ser pior que "Homem de Ferro 3".