Primeiro
Ato: O Colapso
A
fotografia de Krypton é bonita, de fato, mas eu esperava algo mais destruído,
algo que condissesse mais à situação caótica que o planeta se encontrava. Ver
animais GRANDES em atividade naquela nação de intelecto avançado em plena
GUERRA me incomodou um pouco. Eu esperava criaturas mais sorrateiras, mais
discretas. Ainda mais na cena em que Jor-El por duas vezes cavalga aquela
“Fada-Dragão-de-Itu”. Não consigo conceber que ele – sendo o cientista que é –
prefere cavalgar um jegue alado a usar algum tipo de tecnologia de locomoção
(uma moto, sei lá). Muita gente achou que esta pegada estilo “Maters of the
Universe” ficou legal. Eu não curti. Senti um “Avatar Feelings”, sabe? Se você
me propõe uma civilização que usa sua ciência pra extrair do ventre de seu
planeta o sustento da população, a ponto de colocar seu núcleo em colapso,
espero ao menos que a natureza reaja CONTRA estes indivíduos. Ou pelo menos,
sejam omissos à sua crise.
Toda
aquela rápida viagem por Krypton foi um desfile de ego dos efeitos especiais.
Se pelo menos fosse algo INOVADOR, eu não diria nada de sermos carona de Jor-El
e ver aquele mundo magnífico. Mas eu, sinceramente, vi "Avatar" todo ali, mas na
visão em tons áridos do Zack Snyder (que deixou sua assinatura nas cenas
majestosas e no filtro de cor do planeta, além de saber fazer cenas de
catástrofe como ninguém, enquanto é notória a influência de Christopher Nolan
nas cenas de luta – planos fechados e sombrios). Fora cenas que você sabem como
terminam só de ver seu início. Aquela do Jor-El saltando do berçário de
kryptonianos ao melhor estilo John McLane pulando do edifício Nakatomi Plaza
para ser pego em pleno ar pelo Grifo-Varejeira é digna de “Ah... Sabia...”.
Falando
em lutas, por que, ao colocar a armadura da casa El, o Jor-El colocou uma capa?
Sei que não atrapalha a narrativa, mas incomoda o meu bom senso! Assim como me
incomoda o Jor-El colocar o códex naquele decriptador caseiro – você vê que ele
tinha má intenção desde antes – pra passar toda a informação dos kryptonianos
ao filho, que servirá como um “vessel” desta cultura (o que foi uma bela
homenagem à cidade engarrafada de Kandor – viu como não sou um simples
reclamão?). Por que não passar isto – em termos de roteiro e narrativa – ao
“pendrive” da família? Seria muito mais coerente com tudo o que vem a seguir no
filme.
"O Dispositivo Não Foi Reconhecido..."
Por falar
em coisa coerente, e o sistema prisional de Krypton, hein? Até onde eu sei (por
conceito e não por prática), a prisão é um local onde a pessoa cumpre a sua
pena, é castigada por aquilo que fez de errado e reflete sobre seus atos,
saindo de lá uma pessoa esclarecida sobre os malefícios de sua atitude. Mas,
para isso, deve haver tempo para pensar. E em animação suspensa, prisão
somática, congelamento em carbonita, whatever, você simplesmente dorme num
segundo x e acordará no segundo x + 1, mesmo que 20.000 anos no futuro! Você
não pensou em nada e volta tão culpado quanto foi. A Zona Fantasma é como um
grande tapete para onde você varre seu lixo: ele continuará sendo lixo e nada
há de mudar o seu estado. Nem o tempo, pois o tempo não existe. O filme de
1980, do Richard Lester, neste ponto é muito melhor na abordagem da Zona
Fantasma. Mas aí entra mais um demônio do roteiro – chamado Deus Ex Machina –
que me encafunfa a cabeça: pra quê diabos mandar os condenados congelados – em
naves em forma de pênis (que serão editadas em outro formato na versão de home
vídeo) – para a Zona Fantasma numa MEGA NAVE cheia de tecnologia? Só mesmo pra
eles voltarem com sentimento revanchista e acabar com tudo, né? Krypton fez bem
em deixar de existir.
Segundo
Ato: Longe de Casa
A fusão
da nave do bebê Kal-El com o barco de pesca de lagostas é uma boa forma de te
deixar tranquilo neste salto de tempo entre a criança e o adulto. E é aqui que
eu percebo que não é a grandiosidade cinematográfica que deveria ter sido
percebida pelo público geral (a grande maioria), mas sim os elementos de segundo
e, às vezes, terceiro plano: note que o Clark é o único a usar uma capa
vermelha dentro deste barco (quem assistia a “Smallville” sabe como este tipo
simples de referência é importante), assim como outros pequenos elementos – que
se repetem sutilmente ao longo do filme – como o foco exagerado em ações e seu
sons (um bule sendo posto de volta na cafeteira, um molho de chaves sendo
puxado da bancada, uma porta batendo com a saída de uma pessoa) tornam a
experiência do vindouro Superman “vivenciável” para os espectadores (afinal, o
que é trivial para nós, humanos, como as três ações descritas acima, é
superlativado aos sentidos do Clark). Mas são apenas nestas pequeninas
referências técnicas (de direção. Parabéns, Snyder) que o filme brilha (tirando
a trilha sonora, que é um crescendo apoteótico e esperançoso do início ao fim.
Mas comentarei sobre trilha sonora alguns atos mais a frente).
Não que
eu queira ver o Clark nu – por mais que o cara seja bonitão, os bagos dele não
são algo que eu queira admirar – mas esta parada de “Complexo de Hulk” não cabe
num filme “realista” do Superman, né? Foram-se embora camisa, botinas... e por
mais que as calças tenham queimado, elas não se desfizeram (e teoricamente, as
calças são mais frágeis que os calçados usados pelo novato
pescador-de-lagostas), assim como o cordão do “Pendrive El”. Não vou discutir
também o lance do Clark fazer a barba (afinal, se nem fogo queima os pelos
dele, o que poderia cortar aquele matagal de queratina?), consigo ter suspensão
de descrença nisso. A cena dele segurando a plataforma de petróleo é excelente.
Curti mesmo (embora o movimento computadorizado dele pulando do heliponto para
aparar a torre tenha sido pouco eficiente), mas entra algo que não curti neste
Kal-El: ele grunhe e grita em demasia. Tudo bem que deve ser uma força de
colocar qualquer hemorroida super-heróica pra fora, mas ele não deveria
“expressar” tanto seu esforço. Mais pra frente, toco neste ponto novamente e
vocês irão me entender.
"Hemovirtus: Eu Aprovo!"
Então,
começa o momento LOST: os flashbacks. Vejam bem, não condeno os flashbacks
deste filme. São muito bem usados. A transição deles é que me deixou com um
gosto de LOST na boca. Pois bem. Começamos com um flashback do Clark tendo um
momento de excitação sensorial em sala de aula e se refugiando no almoxarifado,
vindo sua mãe (Diane Lane, que começa bem o filme e termina como uma “Louca dos
Gatos”) para escapar destes estímulos aos seus poderes. Aquele discurso da
Martha com o Clark, com negócio de mundo grande/mundo pequeno, uma ilha
isolada, nade até ela (LOST? rs) foi ideia do Nolan. Certeza que foi. Pareceu
muito com o discurso do “Senhor, por que caímos?” do Alfred em “Batman Begins”.
Estas filosofias, ainda mais aplicadas a crianças, não me soam verdadeiras.
Acho que a abordagem deveria ter sido mais pessoal, de mãe pra filho, longe dos
olhos curiosos da escola. E com menos metáfora. Não vou dizer que foi
“desnecessário”, pois este momento deveria existir. Mas tinha de ser menos
lúdico.
Antes de
continuar nos flashbacks, devo ressaltar uma coisa muito presente na assinatura
de Zack Snyder: ele é mesmo advindo da escola de videoclipes. Aquele pequeno
trecho do Clark surrupiando as roupas do cara na corda e andando pela cidade,
ao som de “Seasons”, do Soundgarden, é um videoclipe em início de créditos. Mas
enfim...
Voltando
aos flashbacks: aí vem a lembrança do acidente do ônibus escolar. Uma decisão
muito acertada, que pouca gente atentou, é que houve um cuidado dedicado de não
culpar ninguém pelo acidente. Não foi culpa do motorista do ônibus, não foi
culpa do motorista do outro carro. Simplesmente foi uma fatalidade que, graças
ao Clark, não acabou em tragédia. Mas aí entra algo que poderia ter sido melhor
trabalhado: o poder de super impulso do Clark. Como seria a cena, na minha
concepção: mostraria que, por não ter um solo pra gerar uma reação de empurrão
do Clark com o veículo, o conjunto homem e máquina desceria cada vez mais, o
que deixaria Clark desesperado. Mas, assim que os pés tocassem o fundo do rio,
ele conseguiria concentrar sua força no que seria, no futuro, o salto que
levaria ao voo. Um impulso que impactaria a terra e faria com que ele
conseguisse levar o ônibus à margem do rio. Este súbito impulso teria sido o
responsável pela ejeção de Pete Ross de dentro do ônibus, forçando-o a ter de
voltar ao rio para resgatar o gordo. E nesta minha versão, ele não ficaria
parado atrás do ônibus esperando a Lana Lang vê-lo.
"Eu precisava mesmo pegar esse ônibus..."
Agora, um
personagem que muitos adoraram e que eu não curti: Jonathan Kent. Gosto de
Kevin Costner. Palavra, sério mesmo. Mas ele estava um chato do cacete neste
papel. O John Schneider é o melhor Jonathan Kent de todos os tempos (veja
qualquer episódio em que ele esteja. É um show de composição de personagem,
principalmente o final do episódio 13 da 5ª temporada de “Smallville”. Sempre
que dá uma vontade de curtir uma deprê, eu assisto esses dois minutos finais).
Mas enfim, dando continuidade: Ele vem metendo um monte de terror no moleque,
que já é boladíssimo com a sua condição anormal e eu não me assustaria se, do
nada, sentado à caçamba da Pick-Up, ele dissesse: “Tá bom. Já cansei de te
sacanear. Tá ficando chato já. Chega aí no celeiro que eu vou te mostrar uma
parada.”. Aí tem toda aquela explanação sobre ele não ser daqui, que ele quer
continuar sendo filho do fazendeiro e tudo mais. Cineastas ou entusiastas da 7ª
arte: fiquei intrigado com a iluminação de fundo deste porão, sempre no Clark,
uma luz brilhante lá ao fundo. Se isso tiver alguma explicação, poderia
compartilhar? Isso não está lá à toa.
Adiantando:
curti como ele soube da nave alienígena (aquele papo de militares no bar), a
referência ao Superman II (com o caminhoneiro encrenqueiro e como ele se vinga
do seu Bully) e de como ele é totalmente imperceptível aos olhos de todos
naquela estação de pesquisa no Canadá (“Cuidado. Essas malas são pesadas”, e
ele lá, levantando todas como se estivesse levantando papel). Mas é aí que
começa a “Sessão ‘Que Conveniente’”: a mulher me sai DE NOITE pra tirar fotos e
tem o olho tão clínico que consegue, SEM ZOOM no início, ver que alguém tá
subindo a trilha pra algum ponto da geleira! Sem contar que o cara que tudo
escuta e tudo vê nem se atentou ao som da máquina e ao flash. Em seguida tem
toda aquela descoberta da nave: curti o casulo aberto (há quem especule ser a
Kara Zor-El a ocupante daquele nicho), as múmias kryptonianas e o sistema de
defesa da nave. E no fim, Lois Lane leva a marca de seu contato imediato na
pele. Ainda bem que não foi sonda anal (embora ela tenha cara de que, daquele
ET, ela quisesse).
Terceiro
Ato: A Revelação do Mistério
Hoje em
dia não há dúvidas que qualquer filme pode ser produzido sem a preocupação de
efeitos especiais mambembes. Toda a tecnologia é sensacional, mas este filme
falha – ainda que poucas vezes – no conceito de efeitos especiais. Falei anteriormente
do salto de Clark do heliponto à torre da refinaria de petróleo, e agora falo
da tecnologia de maquetes 3D de Krypton. Parece que faltou renderização na hora
de expor cada imagem sintetizada por estes aparelhos (ainda que a intenção seja
a de “emular” aqueles painéis metálicos de múltiplos pinos). A única explicação
que eu pensaria em considerar – ainda assim com muita reticência – é a de que a
tecnologia “visual” de Krypton deveria dar margem a parecer uma tecnologia, e
não algo real. Mas, ainda assim, reluto em aceitar e isto é um ponto que muito
me incomoda.
E por
falar em incômodo, o que falar da consciência em “pendrive” do Jor-El?
Inteligência artificial é algo que está programado para expressar sentimentos
durante interação? Como ele consegue discernir que certo ponto de um debate
incita uma manifestação emotiva ou exige uma resposta carinhosa? Achei esta
representação “física” de Jor-El não só muito “viva”, mas também
desnecessariamente muito presente. Praticamente anulou o peso da morte do
indivíduo. Russel Crowe compôs o Jor-El muito melhor que Marlon Brando (já que
estou levando tantas pedradas, por que não tomar pauladas dos outros fãs?), mas
o carisma de Marlon Brando em suas POUCAS aparições é insuperável.
Aí
chegamos à questão do uniforme. Como bem disse, o filme deveria se bastar como
primeiro material do universo que está construindo. O que veio antes é apenas
influência e referência. Reza a lenda que aquela nave congelada há pelo menos
20.000 anos no Canadá é a nave que trouxe um pequeno time de kryptonianos à
Terra (dentre eles, como dito, Kara Zor-El). Então seria possível que a casa El
já fosse bastante consolidada para ter o prestígio de fazer uma jornada
espacial. Porém, como única representante da casa da Esperança – como dito pelo
Holo Jor-El – o uniforme presente deveria ser para um modelo feminino, e não
para um corpulento kryptoniano. A única coisa que posso PENSAR em aceitar é a
teoria que corre por aí de que uma “impressora” 3D imprimiu aquela roupa
baseada nos moldes do Clark. Meu amigo Arides Luna sentiu um pouco este trecho,
pois ele tem o apego emocional ao lance da Martha ter feito este uniforme para
o filho em todas as outras visões live action do herói. E vou falar uma coisa?
Eu não concordava com o fato de tecido terráqueo ser uniforme do Superman, mas
também não curti esta vertente de impressão ao melhor estilo J.A.R.V.I.S.
construindo as armaduras de Tony Stark. Nesta parte, sinceramente, não sei como
solucionaria. Gostaria de ver menos uniforme e mais trajes civis no Superman.
Por falar em J.A.R.V.I.S., Jor-El foi o J.A.R.V.I.S. do Kal-El neste filme.
Cada homem de metal com sua inteligência artificial...
Agora
sim, o momento do voo. A habilidade que mais fascina as pessoas quando falamos
de Superman. Que cena mal executada. A minha solução pegaria metade do que foi
posto no corte final e receberia o último toque de flashbacks relacionados à
descoberta dos poderes. Vamos lá: começaria com Kal-El saindo da nave, mas a
luz de dentro permitindo ver apenas a sua silhueta. Aí, aquele flashback que
tem no final do filme (com Jonathan Kent vendo ele com o lençol vermelho nas
costas, ainda criança) seria a câmera acompanhando de trás e girando para o
rosto do menino. A câmera fecha nos olhos do jovem Clark e o flashback retorna
a Kal com o uniforme, se concentrando para saltar. Com o impulso dado, a câmera
gira em torno do Superman e o bater da capa faz a transição de flashback com a
jaqueta vermelha do já adolescente Clark. Quando atinge o ponto máximo do
salto, ele começa a cair e tendo como fundo um panorama do céu azul, não se
nota direto a transição do passado com o presente, mostrando o Superman caindo
no gelo. Novamente ele salta e mostra uma transição feita com o cabelo
esvoaçando do herói, indo para um Kent de quase 20 anos, falando no salto.
Desta vez, mostra o Kal de uniforme caindo e o impacto - que seria contra uma
montanha - se dá no passado, no choque do Clark (já homem-feito) contra um
monte de feno. Este Clark se levanta e bate a palha grudada em suas roupas e é
neste quinto ou sexto tapa que a transição para o futuro acontece, mostrando ao
invés de palha caindo, pedras. E é então que vem a cena de Kal ajoelhado,
evocando todo o seu poder até o salto final, sem flashbacks, apenas este homem
que ele se tornou. Finalmente, o voo é atingido. E diferente de alguns, não me
incomoda o Superman sorrindo e dando uma ou outra gargalhada ao voar. Pelo amor
de Deus, é um cara que viveu 30 anos da sua vida reprimido pelos pais e, agora,
o céu é o limite para ele! O que me incomodou foi ele, no filme, supor que
poderia voar. Com direito a bracinho pra cima e tudo. Meu amigo Arides Luna
(mais uma vez) disse que a melhor e mais convincente forma dele aprender a voar
foi quando ele foi empurrado pelo cachorro e aprendeu por acidente, e que tão
bom quanto isso foi a queda dele no celeiro, ainda jovem, no filme do Bryan
Singer. E concordo, você aprender por instinto é muito melhor. E se ele já
tivesse esse ímpeto desde jovem, justificaria melhor a tentativa de voo nesta
cena.
"Para o Alto... e Avante!"
Falamos
acima da libertação do menino enclausurado que aprendeu a voar (alguém lembra
daquele filme que o garoto era autista que passava direto no “Cinema Em Casa”:
“O Garoto que Podia Voar”?), então chegou a hora de falar do cara que foi
responsável por esta clausura: Jonathan Kent, mais uma vez. Mas agora, pra
falar de sua morte. A discussão dentro do carro é boa e tudo mais, mas o
desfecho é tão idiota que estraga qualquer coisa que ele tenha feito de bom no
filme. Martha pede pro Clark voltar e pegar o cachorro (eu pegaria o cachorro
também, não deixaria ele morrer se eu tivesse a oportunidade de salvá-lo) e,
SEM MOTIVO ALGUM, Jonathan fala pra ele levar a sua mãe e a criança que ele
tinha no colo pro abrigo antes que o furacão chegasse, pois ele ia salvar o
cachorro. Cara, as pessoas estão em choque naquela situação, não iam nem notar
o Clark arrancando a porta do carro (ainda tinham o furacão pra quem jogar a
culpa), isso se ele precisasse arrancar, pois ainda dava tempo. E, no fim das
contas, Jonathan prefere resguardar o segredo do filho a ser resgatado na
frente dos outros. Até concordo que se ele fosse lá salvar o pai, colocaria
todo o segredo a perder, mas o Jonathan mereceu morrer por ter tomado a decisão
errada primeiro. “Ah, ele morreu vitorioso”. Nã, nã, não, meus amigos! Ele
morreu empatado. Decisão idiota (ir pegar o cachorro) = -1 no placar; decisão
consciente (pedir para o Clark não ir salvá-lo) = +1. Ou seja, terminou no
zero! Pra mim, ele tava era de saco cheio da Martha e soube que aquele furacão
poderia ser o mesmo que passou anos antes ali no Kansas e sumiu com sua tia
Dorothy e seu cãozinho Totó. Ele queria ir pra Oz. Brincadeiras a parte, esta
sequência tem algo muito importante, tecnicamente falando: assim como os sons
são explorados ao máximo quando Clark está próximo (para enfatizar que ele
escuta TUDO), o silêncio daquela morte consentida por Jonathan foi crucial para
mostrar o vazio que a alma de Clark teve a partir daquele momento. E eu aprovo
o grito de Clark nesta hora. Eu aprovo o grito diante da morte.
Com a
morte de Jonathan, Clark se tornou uma bússola descalibrada: não tem mais
norte. Por isso ele está perdido no mundo. Ele não está procurando quem ele é,
mas se perdendo por onde passa. Sem ter quem orientá-lo, ele vaga a esmo. Até
que ele ouve aquela conversa dos militares, como falei no ato anterior. E, de
forma sutil e bela, a bússola segue para o local que ela perdeu: o norte. E é
lá que ele encontra seu novo propósito: guiar os que estão perdidos. Muito bom
isso.
Quando
descobre este negócio todo de quem é, de onde veio, por que é assim, ele volta
pra casa. E notaram? Ele veio de carona num caminhão da Lexcorp. Achei sutil e
interessante (além de pertinente, pois ele é um caroneiro o filme inteiro).
Quarto
Ato: A Chegada da Ameaça
É neste
ponto que o filme dá uma virada brutal. Além de se tornar afobado, ele trai a
sua própria proposta: deixa de ser um filme sobre descoberta muito bruscamente,
pára de trabalhar o carisma do herói e parte para uma ameaça gigantesca, sem
dar tempo para que ele digira a sua condição de superser com motivação. Desta
forma, fica difícil você comprar este personagem como o seu herói pleno.
A nave
onde General Zod e sua tropa foram exilados orbita o planeta Terra (não falei
que essa nave era um Deus Ex Machina que só servia pra complicar a vida do
protagonista?) e manda seu recado em todas as línguas: “Você não está sozinho”
(com destaque para dois países: primeiro o Brasil, sempre com um português
sofrível e suas TVs de tubo – como se realmente não fôssemos um dos maiores
consumidores da tecnologia LCD – e o que parece ser o Nepal, onde as pessoas
assistem TV no meio de um acampamento... ligado em que tomada?). Está lá o
Clark tomando muito bem a sua breja (olha só, isso é que é Superman macho:
cabelos no peito que saem pela gola do uniforme e que bebe!) e escuta que deve
se entregar ao General para que a humanidade não sofra as consequências. Aí
entram duas cenas que, sinceramente, não precisavam estar no corte final do
filme: a ida de Clark à igreja e o flashback de Jonathan e seu filho durante o
ataque dos bullys. A lição pelo padre poderia ser dada pelo Holo Jor-El, ainda
na nave antes dele aprender a voar; e a lição do pai poderia ter sido dada por
ele mesmo ainda na discussão dentro do carro, antes da morte pelo furacão.
Colocar o Jonathan DE NOVO nos flashbacks após a morte dele num flashback
anterior praticamente “anula” o sentimento de que nunca mais vamos vê-lo no
filme (mesmo excesso que Jor-El teve ao longo da película). Pois bem, voltando
à ameaça de Zod: por que diabos ele simplesmente não voou até a nave e
arrebentou todo mundo? Mas não, tinha de ir parcelar o trabalho no exército. E
é isto que me incomodou bastante neste ato: o Superman voa firme, como um
monolito divino (segundo as palavras do amigo Arides), mas não houve A entrada
triunfal do Superman neste filme. Superman que se preze, tem estilo ao se
apresentar publicamente pela primeira vez na história. Aí ficou muito barato,
ainda mais sendo para se entregar. Aí se seguem cenas que são a versão mais
“realista” da entrevista de Kal-El com Lois Lane (ocorrida na cobertura de Lois
Lane, no filme de 1978).
"Não faça joguinhos comigo, General..."
Depois de
muita informação (dentre elas mais uma explanação direta de que Superman É
Jesus Cristo de Collant: “Estou aqui há 33 anos...”), chegou a hora de ir
encontrar a rapaziada na nave do Zod, mas, estranhamente, a bela Faora-Ul (que
atriz bonita, vou te falar. Teria sido uma excelente opção para Mulher
Maravilha) diz que Zod quer a Lois Lane a bordo também. Pra quê fazer isso?
“Ai, seu idiota! É pra ler a mente dela se não conseguirem achar o que procuram
na mente do Kal-El! Dã!” Idiota, neste caso, seriam os kryptonianos, pois não é
preciso ler a mente desta mulher pra perceber que ela não sabe de porcaria nenhuma!
Olha a cara de imbecil dela! Mas enfim, ela acaba tendo um propósito muito
interessante: ser a única pessoa com bolso naquela nave pra guardar o pendrive
de Jor-El (valeu pela explicação lógica, Nerdcast!), pois é a ela que Kal
confia o apetrecho. Porém, fica a pergunta: pra quê diabos o Superman estava
com aquele pendrive indo pra se entregar ao exército?!? É pedir pra perder!
Eis que
vem uma cena que foi uma homenagem discreta e bem feita ao filme de Richard
Lester: Superman se ajoelha perante Zod!
Tudo bem que foi por causa da atmosfera estranha ao seu corpo adaptado à
atmosfera terrestre (lembre-se que Martha dizia que o assistia dormir assim que
chegou à vida dos Kent, pois parecia difícil à criança trazer e manter ar nos
pulmões. A adaptação orgânica não foi imediata), mas ainda assim, é uma bela
cena de referência! Até então, eu achava que a capa do Superman estava
inconsistente com a forma kryptoniana de se paramentar: afinal, eu só tinha
visto capas quando se usava armaduras, mas no “sonho” de Kal, Zod estava com a
malha primária e usando uma vistosa capa preta. Pena que não tinha gola “V”
(bela sacada que o Azaghal teve, mas não pensaram no filme), mas tínhamos um
general romano das estrelas ali, protegendo seu legado (o visual é indubitavelmente
inspirado nestes indivíduos). Aí, lá vai Lois Lane pra cela – diz ela que
depois de uma sessão de inspeção da sua mente – e já mete o pendrive no buraco
da nave, o que convoca Holo Jor-El ali também. Depois de um rápido datashow,
Holo Jor-El brinca de Nicholas Cage, naquele filme “O Vidente”, anunciando por
onde vinham as ameaças. Nada contra isso. Apenas contra o fato dele ter de
gesticular para acionar comandos da nave. Acho que apenas piscadas e movimentos
de olhos seriam melhores artifícios do que essa síndrome italiana de dar
ordens.
Depois de
sofrer com a mudança da atmosfera dentro da nave, Kal fica numa boa com a nova
atmosfera imposta por Holo Jor-El. Até aí, excelente, mas... ele quebra a
carcaça da nave para escapar e não sofre nem um segundo com o vácuo! Isso é uma
falha, ao meu ver.
"Estou sentindo uma falta de ar e... TÔ LEGAL! TÔ LEGAL!"
Depois de
salvar Lois na cápsula de fuga (cápsula esta que tinha um furo e devia ter
torrado ela lá dentro, mas tudo bem, vamos relevar isso, né? Afinal, sou um
cara legal...), Superman ataca Zod na fazenda Kent e... o leva para O MEIO DE
SMALLVILLE (destruindo silos de armazenamento e maquinário no caminho, é
claro). Este é o Superman mais CATASTRÓFICO que já vi, e isso me incomoda.
Afinal, o Kansas tem milhares de acres de NADA para que duas criaturas superpoderosas
se enfrentem sem machucar ninguém! E esta falta de preocupação de Kal-El me
incomoda. “Entrem em suas casas. É perigoso aqui fora.” Seu cretino! Do que
adianta fechar portas se você entra através de paredes? Pelo amor de Deus, você
destruiu um posto de gasolina e sabe-se lá quantas pessoas você “ajudou” a
matar por que o General Zod deu uma bordoada na sua mãe! Daí se segue uma luta
bonita de se ver – sim, de se ver – mas fruto de uma irresponsabilidade e
descaso ímpar com as pessoas ao redor. ISTO não é Superman.
Agora
falo novamente dela: Faora-Ul. Duas observações. A primeira é que é estranho a
capa dela se queimar durante o combate, mas a do Kal SEMPRE fica intacta. No
máximo com fuligem. E segundo: ela é uma personagem cheia de si, arrogante e
admirável. Muitas vezes mais que o próprio Zod. Ela luta melhor e sua frieza
deveria colocá-la no lugar do General, que, por várias vezes, parece não ter
senso de estratégia durante o filme.
Falaram
tanto do tal pôster “Keep Calm and Call The Batman” dentro de um
estabelecimento de Smallville, mas não consegui ver essa idiotice (sim, é
idiota um herói soturno e tido como vigilante encapuzado ter um pôster deste
tipo). Onde estava? No iHop? No banco? No Sears? Quem souber, tire um BOM print
screen.
E, pra
fechar este ato (o maior deles, com 40 minutos), Lois Lane existe mesmo pra
estragar a vida dos outros: por que diabos essa mulher vai no carro da polícia
pra casa dos Kent e corre pra falar com o Superman o chamando de CLARK para o
policial local ouvir até se fosse surdo? O governo só não sabe que
Superman/Kal-El é Clark Kent por que NÃO QUER! A melhor solução seria ela já
estar lá na fazenda, ajudando a Martha Kent a recolher seus pertences antes do
Superman chegar. Aí ela poderia contar, de forma discreta, como derrotar os
kryptonianos (conforme Jor-El ensinou no PowerPoint dele).
Quinto
Ato: O Código Vermelho
Tirando a
forma como o Superman é assim designado pelas pessoas (não é ser ranzinza, só
achei muito simplório o modo como ele é “batizado” Acho que deveria ser o POVO
a dizer isso, e não um representante de todos numa base militar), eu curti
neste ato o fato do brilho ter ficado com os coadjuvantes. Perry White estava
excelente interpretado pelo paternal Lawrence Fishburne (eu tive a impressão de
que Perry White é um gay bem sucedido neste filme. Mas veja bem, não é demérito
ao personagem. Muito pelo contrário: representa um gay que não é afetado e que
é bem sucedido, um chefe de redação respeitado e que sua vida pessoal não
influencia seu reconhecimento. Acredite, quando assisti com esta ótica, o
personagem melhorou pra mim.); Michael Kelly (que já trabalhou com Snyder em
“Dawn of the Dead”) como o adorável covarde Lombard estava muito legal; Rebecca
Buller estava muito simpática como Jenny (tirem a minha dúvida: ela foi mesmo a
versão feminina de Jimmy Olsen, como estavam especulando antes do lançamento,
ou é mentira? Afinal, sua personagem não desfruta de um sobrenome); Richard
Schiff estava desempenhando o papel padrão de cientista vislumbrado na pele do
Dr. Emil Hamilton; e o melhor coadjuvante: Christopher Meloni, como o Coronel
Nathan Hardy. Eu estava conversando com meus amigos Arides e Wendson e fui
quase ludibriado a voltar na minha conclusão, mas reassistindo, reintero: este
personagem é uma homenagem ao líder tático do projeto CADMUS, o Guardião. Todas
as vezes que ele se comunica por rádio, detalhando as ações, ele se denomina
“GUARDIÃO”. Um cara, soberbo, mas muito honrado. Ele não esperava vencer
Faora-Ul com uma faca – logicamente – mas não há outra ordem que ele deva
seguir sem ser a de morrer lutando até o fim.
Depois de
fazer a apresentação de Power Point do Jor-El para a equipe do General
SwanWick, Lois segue para o avião com o Doutor e o Coronel para destruírem os
planos de Zod em Metropolis, enquanto Superman parte pro extremo oposto
(suponho que seja a China) para impedir a nave menor. Muita gente se incomodou com
a luta do Kal contra a nave e seus tentáculos. Eu, particularmente, não me
incomodo, pois ele luta inúmeras vezes em várias mídias (como quadrinhos e
animações) contra naves alienígenas. Seria hipocrisia não gostar disso agora. E
a luta foi até muito boa! Afinal, é neste momento que ele se transforma em
Superman, literalmente (o leve efeito do rosto dele se transformando na face do
Christopher Reeve sob o raio gravitacional da nave é bem bonito). E é aí que
acho que a homenagem deveria ser escancarada na trilha sonora musical (trilha
sonora se divide em três faixas: efeitos sonoros – ou folley - , falas e
música) colocando a música do John Williams enquanto ele se ergue para o seu
esforço final! Coisa de saudosista? Sim, mas lembrando que a trilha sonora
deste filme é épica. Mas aí acontece novamente aquilo que me incomoda neste
Superman: mais uma vez ele grita como um animal! Até aceitava aquela respiração
pesada de quem está levantando muito peso, mas não precisa gritar ou grunhir.
E pra
fechar este ato, a cena da derrota dos kryptonianos: em que momento a Lois
pegou o pendrive do Jor-El de volta? Eu não me recordo! A última vez que vi,
isso estava espetado lá na nave maior (que eles estão indo agora destruir).
Somos apresentados a um elemento tão recorrente no cinema há 50 anos: o grito
de Wilhelm. É aquele grito que o soldado dá quando é jogado para fora do avião
quando a Faora-Ul chega para acabar com a alegria dos militares. Não demérita o
filme, é um detalhe de áudio que acho interessante. Mas, enfim... vídeo abaixo. Aí acontece o
choque entre a nave-prisão-bate-estaca e o avião que carrega a nave do bebê
Kal-El. Aí fica a pergunta: todos morrem com o impacto ou todos ficam presos na
Zona Fantasma? Minha aposta é que os humanos morrem na hora, pelo impacto, e os
kryptonianos morrem um tempinho depois, por que eles perdem seus poderes devido
à falta de exposição aos raios solares e por ficarem expostos às intempéries
espaciais da Zona Fantasma numa nave cujo casco foi totalmente avariado.
Não
preciso nem falar que o beijo entre o Superman e a Lois no fim deste ato foi
desnecessário né? Foi puro blue balls do Kal.
Último
ATO: Fúria de Titãs
Por que o
Superman não remaneja NUNCA a luta para um lugar onde não vá gerar mais danos
ao patrimônio e fazer menos vítimas humanas (sim, nesta ordem)? Ele quer mesmo
mostrar ao que veio. Sem contar que, do nada, ele parou de planar de pé.
Começou a planar deitado! Poxa, parece até aqueles efeitos visuais de cabo que
o cara se enrola pra executar e diz “faz esta porcaria deitado mesmo...”, sabe?
"Este anel de vôo do Chapolin é bem útil..."
Mas eu
percebi que não é uma prerrogativa do Kal-El destruir mais do que o necessário.
Esta síndrome de pedreiro (de destruir mais pra dizer que está trabalhando) é
inerente a todo kryptoniano. Vide o Zod (que cada vez mais mostra que de líder
tático não tem nada e que General deve ser seu primeiro nome, e não sua
patente), que lança um caminhão tanque da Lexcorp contra o Kal-El, que
simplesmente vira de lado e passa entre os dois recipientes. Mas tá lá o
caminhão explodindo, claro! Ou seja, esta cena está no filme só pela explosão,
por que ela é totalmente desnecessária!
Mas vamos
a uma cena maneira: quando o Superman desce do alto do prédio voando de
encontro a um Zod que escala o edifício enfurecido. Uma clara menção ao embate
da esperança dos céus representada por Jesus Cristo (deixando claro que não
tenho religião, sou apenas um observador) e o caos rastejante do anjo caído.
Muito legal esta cena... que poderia ter sido realizada num cânion (remetendo
ao embate de ideologias entre Jesus e Lúcifer no deserto durante a
peregrinação).
Quando o
Zod – um mestre dos próprios sentidos, segundo ele mesmo – percebe que pode
voar e parte para a luta aérea com Kal, eu gostei bastante da manobra de giro
da capa! Vale a pena sempre mostrar o quanto esta peça de roupa é inútil! De
repente, em RPG, isto deve dar algum bônus de persuasão ou carisma. Mas não
existe sex appeal aplicado em pancadaria! Aí é um sai de baixo dos demônios:
Zod joga o satélite da Wayne Enterprises contra Kal e esta queda em direção ao
solo passa pelo prédio da Lexcorp até que ambos caem na estação de trem. Aí
entra uma das partes controversas do filme. Com um mata-leão muito do mal
articulado no General, Superman tenta subjugá-lo e impedi-lo de fritar uma
família no canto da estação. Kal, meu filho, você segurou uma cápsula de fuga
de METAL que estava em reentrada, superaquecida pelo atrito atmosférico. Não
reclamou de dor alguma nas mãos. Por que você não colocou a mão nos olhos dele,
simplesmente, rapaz!? Daria tempo da família correr pra longe e a luta
continuar. “Ah, mas o Zod disse que não iria parar nunca, que mataria a todos.
Ele tinha de morrer, seu bobalhão!” Cara, e quem disse que me incomodou ele ter
matado o Zod? Achei válido, achei que era o único jeito mesmo, pois seria questão
de tempo de Zod se tornar muito mais poderoso que Kal. O que me incomodou, de
fato, foi ele ser um herói de porcelana! Ele se fragiliza demais, se entrega às
emoções demais. Lembra-se que eu disse que admitia o Superman gritando apenas
diante da morte? Eu aceito ele gritar na morte do Zod, mas não chorar. Aquele
grito é uma forma dele “dizer”: “Fui obrigado a tirar uma vida para que bilhões
de outras não fossem tomadas! Zod, você viu o que me obrigou a fazer?”. Eu
curto isso, acho legal! Mas não curto ele se ajoelhar diante de Zod (morto) e
ser amparado pela Lois (que faz um papel maternal ali) tendo aquela família
diante deles, assistindo aquele Deus chorando por ter matado um Titã. Isto
fragiliza o herói. E não gosto disso. Ele deveria ter, sim, gritado, segurado o
choro, olhado para a família, depois para Lois e partido para o ALTO E AVANTE.
Meu amigo
Kiko Junqueira me apresentou uma inversão de valores políticos do Superman
muito interessante, que é claramente visto nestes filme: antes, o último filho
de Krypton era um conservador, que lutava pelos valores e meios de vida
americanos (tanto que ele é a cara do Ronald Reagan no “The Dark Knight
Returns”, um conservador velado); agora, ele é um arauto da liberdade de
escolha e da autonomia do indivíduo, o que simboliza o atual estado político
dos EUA, ministrado pelo Partido Liberal. Tanto que sua capa neste filme – uma
bandeira que tremula ao redor do mundo – não tem símbolos para delimitar sua
luta. Logo, aquela cena onde ele derruba o aparato de espionagem do Governo é
uma pá de cal sobre o Superman Boneco do Estado, “Tem que ser sob os meus
termos”, liberdade de negociação, e não aceitação sem resistência. Muito legal
isso.
E quando
eu achei que o filme terminaria sem certas galhofas, eis que me surge o Clark
Kent jornalista. Estava indo tudo tão bem, ele não precisava ter este emprego.
E vamos combinar: ele é um péssimo Clark Kent disfarçado. Qualquer um percebe
que aquele homenzarrão é muito mais do que os olhos podem ver. O Reeve era um
Superman alto e forte, mas ele interpretava um camarada totalmente frágil,
ainda que com toda aquela carcaça. Realmente seria mais difícil identificá-lo
como o Escoteiro. Infelizmente, o filme terminou desta forma.
Considerações Finais
No fim
das contas, o que condenou o filme foi justamente o que foi alegado como o
trunfo da produção: Zack Snyder, Christopher Nolan e David S. Goyer. Separados,
eles são excelentes, acima de qualquer crítica, mas juntos, foram um conflito
de ideias que gerou uma confusão a ser degustada. Mal comparando, é como se
misturássemos pudim de leite com petit gateau e torta alemã: cada um é
delicioso, mas se misturar, enjoa e faz mal pra digestão.
“Man of Steel” é um filme grandioso, de
fotografia excelente, com interpretações louváveis e trilha sonora impecável...
mas que é extremamente pretensioso. O filme é uma abordagem
depressiva de um megalomaníaco que quer ser aceito, mas ele, dentro de seu
âmago, acha que é superior aos outros. Fica dizendo que as pessoas não estão
prontas pra ele, mas não vejo ele se importar tanto assim com as pessoas.
No fim
das contas, “Man of Steel” até subiu no meu conceito, depois desta crítica! De
0 a 10, eu tinha dado nota 4! Agora, ele é nota 4,5 pra mim! Tudo por detalhes
técnicos!
Se você
gostou de tudo que foi dito acima, não se sinta só. Há quem compre sua briga;
agora, se você continua sendo um “mimizento”, faça um favor pra todos nós: vá
idolatrar este teu filminho LONGE DE MIM!
"P-p-p-por hoje é só, p-p-p-pessoal!"